domingo, 25 de outubro de 2009
A noite escarlate de Coline
Estou ficando cinza - pensou Coline ao se olhar no espelho. Ela não estava cinza, estava longe disso na verdade, trajando aquele vestido de bolas verdes, muito diferente do que costumava usar. A verdade que é que há muito já se achava cinza, pensou que ao trocar o habitual terninho, as saias lápis e aqueles sapatos fechados por roupas mais alegres e soltas talvez conseguisse um brilho jovial, mas continuava cinza, como um mímico tentando trajar indumentárias de palhaço. Por consolo conseguiu rir. "Como pareço rídicula com essas bolas verdes". Se achava cinza desde que lembrou do tempo em que era uma aquarela andante, e sorria gratuitamente sem motivos. Uns 10 anos atrás, quando não trabalhava ainda. Mas não era o trabalho, deveriam ser seus olhos ou suas novas escolhas. Tinha trocado o chopp pela vodca "mais eficiente, não é?!" os romances pelos encontros casuais "menos complicado, certo?!". Não, não queria voltar a ser boba, "imagine, sorrir para todos usando um vestido solto com bolas verdes...", resolveu encarar como uma mudança, "uma mudança bem positiva, para ser franca". Tirou aquela fantasia e comprou uma nova saia lápis, cor de vinho. Era isso que ía fazer, ía beber martine e vinhos rosês amargos, usar tons marrons e avermelhados, "uma Coline mais intensa". Chega em casa, abre o martine, e toma a vodca. Acaba a vodca, encara o martine "então você é vermelho?", o aproxima da boca e entorna a garrafa num gesto que mais lembrava um beijo, beijo..precisava de um beijo. Vestiu a saia nova, colocou uma blusa decotada e usou seu salto fino. Foi ao bar mais próximo, pediu vodca e bebeu o martine do homem ao seu lado, ignorou a aliança e retribuiu o flerte, aceitou o beijo, entornou sua vodca. Voltou para casa, cambaleando 15 centimetros mais alta e caiu no sofá. Acordou com dor de cabeça, tomou um café preto, vestiu seu terno cinza e foi trabalhar.
sábado, 24 de outubro de 2009
no cage
Acho graça quando questionam o simples, quando preferem bigornas a plumas (...) escrevo gramas de palavras, tenho o vôo sutil de uma libélula sem invejar aleivosiadoras asas de gavião. Não me coloco em grades estruturais. Não, não sou rebelde, sou livre.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
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