quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Coline e o moço dos saquinhos de tempo

Estavam lá sentados, pequenos e mais uns ali, conversando naquele lugar de sempre no fim do expediente. Ele ia porque gostava do café, ela porque gostava das cores, do dégradé marrom da cafeteria. Ambos gostavam do cheiro -cheiro de marrom- de café e cookies.


Ele, Linus Valdo, aponta o dedo para a livraria em frente, e interrompe o silêncio em sua mesa - Olhe só, olhe todos estes malditos livros... Odeio todos! – e volta a beber seu café com feição blasê.

-Sério?! -Pergunta ela, Coline, sem se impressionar muito com o comentário do amigo.

-Não é irritante a maneira insuportavelmente atraente de como eles os expõem nas prateleiras? E as capas! Uma mais chamativa que a outra! – insiste Linus Valdo.

- É um lugar que vende livros Linus, precisam chamar atenção. E na verdade, eu acho até bem bonito.

-Eu também acho! E tenho vontade de comprar todos! Na verdade já compro, sou um comprador de livros compulsivo!

- Você disse que os odeia...

- Ta, não odeio, só queria ser dramático. A verdade é que odeio querer ler todos e não ter tempo de ler sequer um!

- Entendo...

- O trabalho, o trânsito, o sono, o banho... Quanto tempo eu perco mastigando!

-Um cookie, por favor- Pede Coline do garçom – Linus, você continua dramático, não vá parar de comer, tampouco de tomar banho, por favor querido.

- Os livros deveriam vim acompanhados de saquinhos de tempo!

- Tempo embalado? Algo como horas em saquinhos?

- Isso! – respondeu ele com os olhos brilhando, e uma feição alegre quase doente.

- Eu compraria saquinhos de tempo. Moço, a conta, por favor.

Ele, Linus Valdo, no transitado percurso para casa, pensou em como seria maravilhoso ter tempinhos enlatados, na sua estante cheia de livros. È claro que não conseguiria encontrar segundos ou horas em recipientes. Teria que encontrar sua própria solução.

No dia seguinte, no lugar marrom, ele estava com olheiras e uma aparência cansada.

- Olá Coline...

-Hei Linus, você está horrível!

-Por fora, eu sei, mas por dentro sinto-me realizado.

-O que andou fazendo de ontem pra hoje?

-Fabriquei uma insônia e esqueci de comer. Meus sacos de tempo.

-Você não pretende fazer isso hoje, pretende?

- E depois cara amiga, e depois... Um café, por favor.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Pobre Marrie

Marrie andava por lá com os pensamentos por vim, chegou aqui com eles lá, e quando voltou já tinham ido.
Pobre Marrie -pensou a própria- esqueceu novamente o que tinha que fazer.....-olhe só, uma borboleta !

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Os dias de Lana

Ela voltava para casa naquela manhã, como de costume, com os pães na sacola


viu um cachorro e voltou à padaria para comprar-lhe comida, viu um pássaro e voltou à padaria para comprar-lhe comida, viu um moço e voltou à padaria para ficar com cheiro de pão...

todos gostam de pão, não?!

Mas sim, voltou para casa e misturou a fumaça dos pães com a do café. E ficou ali, parada admirando os cheiros e o espiral fumaçante. Era feriado, nada mesmo pra fazer -como sou deprimente..fico sentindo cheiro de pão no feriado, devia mesmo era inventar algo menos bobo pra fazer- E ainda era cedo- então ela comeu aquilo lá e sentou na varanda esperando alguma coisa extraordinária acontecer, nada extraordinário acontecia desde aquele dia, na terceira série, em que seu cachorro comeu (engoliu mesmo) o sapato do seu pai.

A noite chegou, ela saiu da varanda e foi dormir. No dia seguinte foi comprar pão....

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Mais um melodrama de clichês urbanos

     Eu já não me importava com os salários mensais, nem com o que fazer com eles, parece clichê, mas era assim mesmo (tinha até vergonha de falar) me sentia - imagine - vazio e só, e pior, não sabia o motivo. Meus amigos achavam graça e falavam "quanta bobagem", eles nada entendiam daquele vão que havia me invadido, afinal já tinha mais de 30, e pessoas nessa idade já não sentem essas coisas. Nessa tarde não sentia meu coração batendo, nem o inflar de meus pulmões. Estava ficando literalmente vazio. O desespero tomou conta do exterior ainda existente de meu corpo, e eu sai, sem dar explicações, mais cedo do trabalho. Precisava entender porque meu corpo parecia estar sumindo e por que tinha um boneco de neve na minha varanda. E de repente minha infância e meus momentos mais raros flutuavam como de mãos dadas, por meus globos oculares. Devo estar morrendo - pensei. Mas o que eu vi no fim das contas foi que tinha conseguido problemas aceitáveis e que meu futuro parecia promissor aos olhos de todos. Então por que estava sendo tão irritantemente melodramático? Isso eu não sabia, só sabia que não conseguia parar.
           Oh, sim!- lembrei de súbito- Era por causa dela. A moça que me deixou roubar-lhe um beijo e depois deu tchau com uma reluzente aliança que realçava as unhas vermelhas (forma singela de dizer que estavamos tendo um caso e ela era casada). Ora, mas não podia estar assim só por uma mulher. É claro que, no outro dia, quando fui contar ao meu amigo confidente, este sorriu e repetiu o discurso que eu mesmo vivia exibindo, “Mulheres sempre tentam achar um brilho a mais nos olhos do homem que a beijou, mas não aceitam que eles querem apenas um conforto que proporcione prazer em horas inusitadas". Depois disso eu me preparei cerca de uma semana, pra tomar coragem e ir falar com ela. Isso foi me preenchendo aos poucos, sabe? E aconteceu, naquele fatídico dia em que eu, é claro, esbarrei com ela e o marido na festa da empresa. Ela com um vestido decotado que provocava até a estátua de gelo da mesa central, e os olhos em posição fatal de flerte em minha direção. Eu, ingênuo, a chamei num canto e declarei meus sentimentos enquanto ela me explicava, apalpando suavemente meus ombros, que não podia abandonar seu casamento, mas que suas portas estariam sempre abertas para uma visita esporádica. Acabado, eu me despedi dela e do marido, e fui pra casa.
               A partir dai as coisas só pioraram. Eu a ligava todos os dias oferecendo uma visita enquanto meus amigos liam para mim o significado de esporádico. Depois eu descobri que ela estava saindo com três amigos meus ao mesmo tempo, simultaneamente mesmo (incluindo o meu amigo confidente), e decidi esquecê-los. Mas quando eu ligava o rádio tocavam aquelas músicas que cantavam tudo que estava acontecendo comigo (algo do tipo, 'ela me trocou por meus três amigos, não consigo conviver com isso', num ritmo meloso que grudava na cabeça), e, graças a um inexplicável fenômeno natural, começou a nevar na cidade, mas precisamente no percurso do meu apartamento até o meu trabalho. Minha empregada não arrumava mais meus cômodos alegando alergia à neve, e minhas roupas estavam sempre geladas. Uma semana depois recebi um telegrama me avisando da morte de uma tia-avó que eu nunca conheci, noticia que de forma alguma me afetaria, mas as circunstancias me fizeram sentir muito sua morte, e eu chorei durante dois dias abraçando o boneco de neve (que eu mesmo tinha feito para me distrair) da minha varanda. A consequência obvia disso foi um resfriado absurdamente forte, que eu adquiri como um ensinamento-herança da minha falecida tia-avó, e aprendi a nunca dormir na neve da minha varanda. Bebi até esquecer tudo isso e fui trabalhar.
              E foi assim que eu vim parar aqui, neste quarto gelado lembrando da vicissitude de fatalidades que me aconteceram nesse mês. Sei que pareço um adolescente chorando pela ex-namorada, mas deixar de ser amante, ser alvo de uma nevasca localizada e perder a tia-avó é coisa demais para qualquer coração, ainda mais um com mais de 30 anos de uso. Devo ter suprimido até a última célula tentando superar tudo isso. E quando eu pergunto para os outros, ou para mim mesmo "Deus, por que respiro?", apesar da carga de dramaturgia é realmente uma plausível indagação, eu quero dizer, essas coisas resumem um ser humano de um metro e oitenta a pó. E meus amigos, aqueles pervertidos, acham bobagem porque estão fazendo orgias com minha ex.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Só porque não aguentava mais!

É sim, eu fiz isso! Exatamente como está pensando que eu fiz! Bebi todas aquelas garrafas que você comprou só para decorar a maldita estante, quebrei primeiro os pratos, depois os copos e só então  arremessei os talheres por todos os lados, e não me olhe assim! Eu não queria queimar os livros! Só queria fazer uma fogueira pra queimar o apartamento, mas percebi que não conseguiria sair a tempo para me salvar, eu não estava bêbada o suficiente para me matar (imagine, livrar-te de mim, haha) . Então joguei um balde de água naquilo tudo. Foi aí que o álcool começou a fazer efeito, e dancei com suas roupas, como em nosso casamento, joguei os perfumes no sofá e no tapete porque a casa fedia a queimado, me encarei no espelho e me achei feia, e comecei a cortar o cabelo, fiz franja e chanel, percebeu? Não,claro que não! Não lembro bem de como destruí o banheiro, só lembro que quebrei os espelhos porque fiquei Ri-dí-cu-la com essa franja ! Me deparei com o estado deprimente do nosso "lar" e comecei a chorar, a chorar  muito alto, não seu idiota, não pelo estado físico, pela nossa vida Osvaldo! pela nossa maldita, chata, e sem graça vida! Ei chorei, e foi nessa parte que eu quebrei o vidro das janelas, acho que foi aí que chamaram a polícia, não lembro bem desse intervalo, mas lembro que quando os policiais chegaram eu estava nua, sim Osvaldo, eu estava nua, pedi licença e me vesti, e sabe o que eu respondi quando perguntaram o que estava acontecendo, eu disse "Estou apenas externando meus sentimentos conjugais policial". E só depois de tudo isso você chegou , com essa sua cara digna de pena, sim você que é digno de pena, e ainda me pergunta "Que está havendo aqui?!" , eu digo o que está havendo aqui: Quero o divorcio, e pode ficar com a casa.

domingo, 25 de outubro de 2009

A noite escarlate de Coline

Estou ficando cinza - pensou Coline ao se olhar no espelho. Ela não estava cinza, estava longe disso na verdade, trajando aquele vestido de bolas verdes, muito diferente do que costumava usar. A verdade que é que há muito já se achava cinza, pensou que ao trocar o habitual terninho, as saias lápis e aqueles sapatos fechados por roupas mais alegres e soltas talvez conseguisse um brilho jovial, mas continuava cinza, como um mímico tentando trajar indumentárias de palhaço. Por consolo conseguiu rir. "Como pareço rídicula com essas bolas verdes". Se achava cinza desde que lembrou do tempo em que era uma aquarela andante, e sorria gratuitamente sem motivos. Uns 10 anos atrás, quando não trabalhava ainda. Mas não era o trabalho, deveriam ser seus olhos ou suas novas escolhas. Tinha trocado o chopp pela vodca "mais eficiente, não é?!" os romances pelos encontros casuais "menos complicado, certo?!". Não, não queria voltar a ser boba, "imagine, sorrir para todos usando um vestido solto com bolas verdes...", resolveu encarar como uma mudança, "uma mudança bem positiva, para ser franca". Tirou aquela fantasia e comprou uma nova saia lápis, cor de vinho. Era isso que ía fazer, ía beber martine e vinhos rosês amargos, usar tons marrons e avermelhados, "uma Coline mais intensa". Chega em casa, abre o martine, e toma a vodca. Acaba a vodca, encara o martine "então você é vermelho?", o aproxima da boca e entorna a garrafa num gesto que mais lembrava um beijo, beijo..precisava de um beijo. Vestiu a saia nova, colocou uma blusa decotada e usou seu salto fino. Foi ao bar mais próximo, pediu vodca e bebeu o martine do homem ao seu lado, ignorou a aliança e retribuiu o flerte, aceitou o beijo, entornou sua vodca. Voltou para casa, cambaleando 15 centimetros mais alta e caiu no sofá. Acordou com dor de cabeça, tomou um café preto, vestiu seu terno cinza e foi trabalhar.

sábado, 24 de outubro de 2009

no cage

Acho graça quando questionam o simples, quando preferem bigornas a plumas (...) escrevo gramas de palavras, tenho o vôo sutil de uma libélula sem invejar aleivosiadoras asas de gavião. Não me coloco em grades estruturais. Não, não sou rebelde, sou livre.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

marrie artista

É sim, sou genial! Na verdade nem caibo em minha grandeza, fico sobrando nessa enorme aurea de artista, por isso vivo tropeçando... Devo ser descendente bastarda de Picasso! Quando eu mostrar nínguem vai acreditar que minhas mãos ergueram tal monumento. Pensando bem...é melhor eu tomar cuidado..vai que alguém rouba meu desenho...vou mostrar para algém de confiança.
- Mãe, olha só isso.
- Minha nossa!
- É mãe, eu sei, tudo bem eu divido os lucros do leilão com a senhora, é até bem justo já que me sustentou por mais de uma década, e...
- Marrie, por que a menina está azul? É uma marciana? você sabe que ela está azul né....será que você é daltônica?
- Mãe! você não me compreende! é calro que ela é azul! eu lancei uma nova tendencia..Oh!
- Filha, isso tá meio estranho...mas o importante é que você acha bonitinho, né...hmm, vai querer sorvete querida?
- Mortais, hum, não entendem nada de pop art. E sim, eu quero sorvete, mas eu me sirvo, hum.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Os elefantes Cinza Chumbo


Não, ele não se contentara com aquela explicação boba sobre a chuva!
Sabia como tudo acontecia!
Pôde ver claramente do avião naquela viagem. Eram os elefantes Cinza Chumbo! Eles faziam as chuvas! Enquanto todos dormiam conseguiu ver (era o seu segredo, dele e dos elefantes). Lá estavam eles, enormes, dançando nas nuvens branco neve - por isso lá as vejo acinzentadas - e eles conden..condensavam (isso!) o ar em suas trombas, jorravam as gotas para cima e elas bamboleavam pesadamente até o chão. Eles sorriam e algumas vezes gargalhavam alto como trovão, usavam óculos em formato de estrelas que vez ou outra refletiam bruscamente algum raio de sol desavisado que brachava a manada.
Suspirou em seu bocejo enquanto os via partir. Saltavam para outras nuvens e pouco a pouco o céu voltou ao seu azul claro de antes. Rios evaporando...papai é um bobo. Era assim que chovia, com a dança dos elefantes cinza chumbo!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

cintilante







Navegou submersa todos aqueles mares que outrora pertenceram a Poseidon, até que numa noite perpendiculou a corda d'agua. O céu sem lua envolveu seus cabelos, seios e cauda num negro frio e seco . As estrelas cintilavam sutilmente as gotas escorridas das longas mechas mel, das pontas dos dedos, do contorno dos seios das rendas das escamas. Cambaleou o mundo num segundo de esplendor, mesmo os que estavam em suas casas, em suas camas sentiram as borbulhas mais extasiantes no canto das orelhas, e a sonolência macia que só aquela imagem poderia oferecer aos olhos nus. Não, não a tinham visto, mas piscaram, todos ao mesmo tempo quando ela mergulhou geometricamente para o oceano azul.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Caminho para casa

Fim de aurora, começa o crepúsculo e aquela sensação de mais um dia. Pela ponte passa o funcionário com frango e café na sacola, quem sabe até um doce no bolso, cansado e ainda disposto a agradar. Do outro lado a menininha correndo na frente e a mãe andando atrás, e dali é fácil ver as luzes do circo. Já na rua um boteco, no banco sentado um velho, na mesa a velha cachaça. Os cachorros brigando pelo lixo, os carros eufóricos brilhando em direção ao lar, os pés apressados na faixa. O churrasquinho de gato na esquina, a lua com poucas estralas, a despedida do jovem casal no portão. Um aceno ao vizinho,por fim um sorriso no rosto, o cheiro de casa e o esperado descanso.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

crônicas dos rabiscos no caderno

.O bar do filho do gordo

Alziro o chamava de filho do gordo, então devia ser gordo também, mas ainda assim filho, sabe? Mais filho que gordo eu acho... como aqueles filhos que usam capacete para andar de bicicleta e pé de pato na piscina. Mas devia ser adulto, pois já tomava cerveja com Alziro, e Alziro já tinha seus 30.
Sabe-se que o gordo tinha um bar, frequentado por universitários boêmios daquela quadra uns 20 anos atrás, e que depois que morreu, o filho dele tocou o negócio. Por isso o nome, filho do gordo, seu nome mesmo ninguém lembra. Mas todos dizem que, assim como na época do pai, o bar era meio grotesco, sujo. Tudo era engordurado, a teoria predominante era de que o filho do gordo beliscava o pernil do balcão e não se importava em limpar a mão para servir os copos. Da primeira vez que foi no bar, Alziro pediu um pão com fatias de pernil e limão, o filho do gordo pegou as fatias com as mãos, abriu o pão entre os dedos, limpou a mão na camisa, misturou tudo e serviu, Alziro disse que comeu, porque macho que é macho come o sanduiche do filho do gordo!
Alguns dizem que o filho do gordo é nojento só para manter o negócio, sabe? Os amigos de Alziro seguiram o filho do gordo durante uma semana, e disseram que a casa dele é impecável e que a própria cozinha do bar era um brinco, mas quando ía para o balcão colocava aquele avental encardido e fazia cara de gordo, para manter a imagem que o pai dele teve tanto trabalho em construir. A imagem de bar de macho, de macho que come com a mão, bebe na garrafa e cospe no chão!

.O homem magro


Quando falavam homem magro, não importava qual fosse o contexto marrie logo imaginava aquele homem magro. Era o estereótipo do que ela achava que devia ser um homem inglês. magro, alto, meio curvado para trás de desequilibrio, com uma cartola e terno de seis botões, e, é claro, um guarda-chuva fechado só para apoiar. E ele vinha todo rachurado (expressão originada da frança, mas o homem era inglês!) usava aqueles óculos redondos e pequenos e não sabia muito bem o que estava fazendo ali parado entre as linhas daquele caderno, mas não porque não tinha nada pra fazer. Ele tinha caminhado até alí com um propósito, mas quando chegou esqueceu o que era. O caderno de marrie tinha esse poder de fazer qualquer um esquecer porque tinha aparecido ali. Mas enfim, era uma inevitável associação agora para a marrie a figura daquele rabisco perdido as palavras homem magro.

cheira como folha doce

Sempre desdenhei das rosas
Não às acho mais dignas de atenção
que as delicadas estruturas
orquidais
Mas, recentemente deixei-me
embriagar pela fragrância
de suas pétalas em
espirais
pálpebras minhas, sonolentas,
desfalecem e acabo por ceder
ao aroma do vermelho intenso
olfato, olfato
és traidor olfato
és traidor de culpa isento.

sábado, 15 de agosto de 2009

cookies, massas e saladas.


Adoro comer cookies, gosto de descrever cookies ( biscoitoss amantegados com gotas de chocolate, geralmente redondos), gosto até de falar cookies. E um dia vou aprender a fazer cookies . Na verdade já sei fazer biscoito, biscoito amantegado ( muito bom, dizem por aí ) mas não são iguais aos cookies, sei que se colocasse gotas de chocolate não ficariam iguais. Confesso : nunca procurei a receita, mas é porque acho que não é a hora de fazê-los, só de querer fazê-los. Mas, quando chagar a hora eu vou procurar a receita. Assim como macarrão e pão, adoro macarrão e pão. Um dos meus sonhos é saber fazer todo tipo de massas e uma baquete perfeita! (acho que foi um dos personagens de Martin Page que disse que quando se examina uma baquete você vê a perfeição ) e já até meio que sei como fazer , porque vi o Oliver fazendo, ( o oliver é um homem com o qual eu poderia me casar. ele é simpático, sabe cozinhar e poderia alimentar essa minha vontade de saber fazer o que normalmente se compra ) mas nunca lembro da receita direito e quando assisto o programa não anoto nada-parece tão fácil que eu acho que vou lembrar. Eu devia aprender a fazer saladas...e molhos de saladas. Vez ou outra me dá uma vontade de comer salada, e eu não sei fazer nenhuma. E não é como vontade de doce que suprimos com um chocolate, ninguém vende saladas! macdonald's e bob's vendem saladas, mas não é estranho comprar isso em lugares assim! Mas antes de aprender a fazer tudo isso preciso aprimorar meus conhecimentos culinários em doces..falta um poucoainda, ante-ontem que aprendi que misturando creme de chocolate com claras em neve se fazia mussie...é cookies são doces..preciso aprender a fazer cookie!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

para quem leu marrieice


- Que é isso marrie?
- Ora mãe, não vê? é uma caneca.
- com fumaça verde?
- Sim, deve ser chá.
- Não sabes o que tem dentro de seu desenho?
- não...mas suponho ser chá verde, você não?

Chame-me de alface.

Após aqueles longos 18 anos pensava que o resto seria fácil, afinal sempre estivera entre os melhores da turma, sempre conseguira destaque em todas as gravuras e grafias. Mas, irônicamente, hoje não sabia o que fazer...era a hora de escolher o resto de sua vida e seus pais nem se importavam mais em perguntar "como foi seu dia?", todos seus amigos atentos ou levianos demais à suas próprias vidas e bocas, e nenhum lugar acolhe pessoas sem experiência.

Não, ainda não era um homem, e não o tratavam mais como um garoto. Era um aluno. Só tinham o ensinado ( a vida inteira) a como ser um bom aluno, e ele ficara tão absorvido em aprender que esqueceu de se distrair e pensar mo que fazer depois da aula.

Malditos pais e mestres, vegetaram-me!

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sem pé nem cabeça

Nossa, que rapaz mais bonito! uuuu, está se aproximando...vou ficar indiferente.
- Moça, passa a bolsa, é um assalto!
- Ah, mas isso é catastrófico! (não vou deixar esse escapar!).
- Acontece dona, passa logo a bolsa!
- Não é simplesmente o assalto, é que... Bem, como vou explicar isso para os nossos filhos?
-Como?!
- É, como explicarei? Não seria muito bom contar-lhes que o conheci quando você me assaltou, já pensou se um dia o caçula perguntar "papai quando conheceu a mamãe?" e você terá de contar que aconteceu naquela maravilhosa tarde em que levou a minha bolsa.
-Mas, moça nós não temos filhos.
-Ainda! mas é comum no decorrer de um relacionamento pensar em ter bebês, não é mesmo?
- É sim, mas...
- E, além disso que ideia mais boba foi essa de me conhecer dessa forma?
-Eu só quero a sua bolsa!
-Não precisa arranjar desculpas, sei que queria mesmo era chamar minha atenção... Mas conseguiria mais facilmente se pedisse meu número, eu daria, juro, não precisaria vasculhar minha bolsa. Por que não me chama para tomar um café?
- Você...
- Oh! espere, não tomo café...Que tal um suco?
- Moça, eu não tenho dinheiro!!! Estava te assaltando, esqueceu?
-Ah! então depois de achar meu número, pegaria o meu dinheiro para me oferecer um suco?
-Hãn?
-Nossa! você deve mesmo querer sair comigo! venha estranho, vamos tomar um suco, eu pago.

(...)

-E foi assim que meus pais se conheceram professora.
-Como?!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

luneta


Seus olhos procuravam os porquês e os amanhãs. Era o que faziam de fato os de Antonie ou os de Clarisse, os dos que viam mais do que estrelas num pavimento reluzente, mais num pão que um alimento,mais num chá que um calmante, mas acima de tudo aqueles que amavam a luz e todas suas proezas. É claro, porque as verdadeiras estrelas explodem, os pãos carregam a poesia das mãos e os chás produzem os mais belos efeitos esfumaçantes, todos somem, é verdade, mas enquanto vivos nos envivecem, ah, e a luz! A luz deve ser a coisa mais bela já feita, aproveitada e capturada. Sétima arte, fotografia, as diferentes cores em horarios distintos, o gran final do mágico de Oz! Seriam tristes os olhos de Amélia sem o arrebol escarlate, e Anita não sorriria aquele dia tão intesamente não fosse pela incandescente noite pingada. Seus olhos encontravam os porquês para os amanhãs naquelas coisas ordinárias.

marrieice

O doce cheiro que o vento trazia naquela tarde fazia marrie lembrar sua infância nos galhos com poucas folhas de seu quintal ... tudo bem, é verdade que ainda tinha 12 anos, mas sabia que 20 anos mais tarde lembraria dos tempos daquele cheiro. Marrie acreditava que cada tempo tinha um cheiro, sabe?! Mas não sabia explicar que tipo de cheiro, afinal talco lembra bebê e a vovó também, mas sentindo dá para saber de quem vem, entende? coisas de marrie, pensava.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

mundo de tolos

Mas que coisa, não?! Pensava que o outro dia era cedo demais, deixei para o dia seguinte, então acordei um ano depois sem lembrar o que queria fazer (...) mas que bobagem (risos) - dito isso surgiu a dúvida:
-Será que fiz isso todos os dias, como fiz hoje com a minha vontade de pintar a janela? E se minha vida toda foi trilhada por esquecimentos marcantes? E se tivesse feito um desses esquecidos desejos...se tivesse feito algo ( não lembro bem o que fosse) teria uma piscina que nem o morador da casa 20? ele deve ter feito aquilo... espere! será que roubou minha ideia??? É sim! devo ter comentado no churrasco a um ou dois anos passados! quisera eu lembrar o que disse que queria fazer... aí teria uma piscina daqui a um ou dois anos...-indgnação-
Devo ser o gênio no meu mundo de lembranças, se isso existir devo ser o morador mais brilhante - com a melhor piscina!- é sim, nossa! mas aqui nessa vidinha que exige as sinopses apagadas pelos tragos de alcool e nicotina que acompanham meu salario, quem vai se lembrar de pintar uma janela passadas duas semanas...poderia pensar em pintar...- a injustiça pede um gole da cerveja perto do rádio- ai ai, o mundo gira tão devegar até que um dia acordamos com cabelos brancos - ou sem cabelos...oh!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

E não me diga que não posso!

Queria ficar diferente...vou cortar o cabelo, reestruturar meu esqueleto, absorver mais líquido,
talvez colar mais um dedo ou simplismente mudar de cor.

...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

mas por que tal postura moço?

Ele a encarou com cara de desgosto,
com cara de quem cospe no chão,

disse palavras densas que desdenhavam dela,
rudes, sem dó ou compaixão,

pensou, acalmou, arrependeu,

Ele a encarou com cara de tristeza,
com cara de solidão,

disse que andaria para pensar na vida e repensar paixão,
disse que voltaria, mas não voltou,

ele foi e lá ficou.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Extravagante ! - Do garrancho ao garrido

Aquela manhã amanhecera diferente... não apenas abriu os olhos como de costume, naquela de fato acordou . O descaso com o dia se converteu num desejo explosivo de existir ! Precisava de uma frase, novos gestos, de roupas, de aromas e .... olhares! Percebeu de súbito que nunca havia recebido nenhum ,talvez até nunca o tivesse dado, mas de certo nunca os atraiu!

O que fazer? de que preciso? como? hãn? mas não conseguia respostas...malditas que não aparecem! (...) Mas é claro! O espelho!
Então ficou estática em frente aquele que costumava ser enfeite - truque para deixar o ambiente mais amplo - e uma garridice incontrolável a invadiu: vestiu-se de escarlate e usou seus rubis sem se importar se era quarta-feira, sentiu-se extravagante - e de fato estava!

Queria ser notada, andava como mulher, deliciou-se com aqueles olhares ao seu redor, embriagou- se com a novidade! De pastel passou ao vinho, e daí em diante decidiu viver o extraordinário d(n)o cotidiano, apetrechos e abusos em seu novo mundo de tons choque.

sem escrita

Sem a escrita a humanidade viveria perdida no escuro das ilusões .
A razão e a ciência não condições teriam de existir pois não há uma evolução sem um ponto de partida.

Viver sem deixar rastros, criar sem registrar, não viver, não criar.

Uma vida sem registros, sustentada apenas pela memória dos remanecentes (...) uma ignorância infantil sendo repetida como algo original.

animais seríamos.