Então, passei uns dias bem ausentes da minha vida na internet por dois motivos: emprego e intercâmbio. Eu e minha amiga tentamos uma vaga na Universidade de Belas Artes em Porto e conseguimos. Logo quando recebemos o e-mail ficamos numa alegria só. Mas para cursar teríamos que conseguir um maldito visto de estudante.
Essa visto virou uma novela. Primeiro tivemos que esperar a carta de aceite chegar de Portugal, depois providenciar mil (MIL) documentos e autenticar tudo em uns cinco cartórios diferentes. Feito isso, demos a entrada no consulado e estamos esperando nosso visto ser aceito no Rio. O pior é que ainda não acabou, estamos pesquisando preços de passagens - e é tudo muito caro - e nem temos ideia de como montar uma mala pra cinco meses fora. E ainda tenho que fazer um cartão internacional e ensinar meus pais a usar o computador pra poder me comunicar por lá.
Isso, normalmente, já consumiria grande parte do meu tempo, mas como o universo curte muito bagunçar a minha vida, fui transferida de editoria. Antes, eu trabalhava no portal de notícias na internet. Lá eu não tinha limite de caracteres, não tinha um deadline específico, conseguia fazer brincando duas matérias por dia, escrevia sobre todos os assuntos (o que incluía cultura, diversidades, polêmicas na internet, assuntos infantis, entre outras coisas que amo escrever), já conseguia fazer direitinho matérias de ronda, adorava trabalhar com todos os meus colegas de trabalho e, o melhor de tudo, trabalhava com um macbook pro com um processador incrível e uma internet rápida - levando em consideração que eu moro em Manaus - além de poder usar o gtalk, abrir meu hotmail e ver vídeos no youtube (o que, por incrível que pareça, me ajudava mais do que atrapalhava).
Pois é, adorava meu antigo posto, passava mais tempo do que deveria trabalhando por vontade própria e a minha vida era só alegria, até que um rapaz de política pediu férias. Adivinha quem ficou no lugar dele? Eu, o que não é nada obvio e deixou até meu pai surpreso. Quem já conversou comigo pessoalmente ou leu, pelo menos, dois posts meus por aqui deve ter percebido que eu não sou a maior fã de escrever sobre política e nem toco no assunto. E, assim, sou daquelas pessoas que acredita que você deve investir naquilo que sabe fazer bem, e política eu não sei fazer bem mesmo.
Trabalhando em política eu me sinto completamente perdida, sufocada e triste. A maioria das fontes masculinas flertam com você na cara de pau e você tem que continuar sendo educada pra conseguir a porcaria da informação, nenhum político atende a porcaria do telefone e os assessores não facilitam nada sua vida. E o pior de tudo é que, como eu não sou fluente no assunto, tenho que dar google em tudo pra não escrever besteira. Para isso conto com meu novo computador, um daqueles caixa estilo começo dos anos 90 que trava de cinco em cinco segundos (e tem quinhentos sites bloqueados). Mas o pior mesmo é que sinto que só atrapalho nessa editoria, porque sinto sono vendo tv senado, demoro três dias pra escrever uma matéria e as pessoas parecem nem gostar dela. Não me sinto mais útil nem colaborativa, só um quebra galho idiota, e tenho sido isso durante umas sete horas por dia.
No resto do tempo eu resolvo coisas do intercâmbio e durmo, porque estou ultramegacansadademais mentalmente. Como já vou embora mês que vem, cogitei até pedir minha demissão imediata pra ter mais tempo com meu irmão-lindo-razão-da-minha-vida Luis Carlos, minha família e amigos antes de viajar, mas preciso quitar minhas contas e terei de cumprir aviso prévio.
Essa transição pra vida adulta tá me dando cada rasteira ultimamente.....